Bom dia irmãos!
Hoje vou falar um pouquinho sobre meus estudos referentes às religiões de matriz africana, mais especificamente sobre o candomblé.
Ainda hoje o candomblé é visto por muitos como uma "seita", fato este inverídico pois, uma seita é formada por um pequeno grupo de pessoas, transgressoras às normas e regras de determinada religião e que, porém, se utilizam de elementos ritualísticos diversos no intuito de tentar criar uma nova religião.
Eu venho, há alguns bons anos, estudando e trabalhando para tentar desmistificar as ideias errôneas que as pessoas possuem sobre o candomblé e a umbanda, e sobre as religiões de matriz africana. Mostro às pessoas que, os elementos ritualísticos que elas destacam como sendo "coisa do diabo", "coisa ruim" e etc, tem sido utilizados milenarmente pelas mais diversas vertentes religiosas.
Recentemente tive o privilégio de poder ter em minhas mãos um livro que, há muito tempo eu queria ler. Esse livro se chama O candomblé bem explicado, foi publicado pela Pallas Editora e seus autores são Odé Kileuy e Vera de Oxaguiã. Esse livro traz, de forma bem sucinta e leve a explicação sobre as origens históricas do candomblé, o porquê de certos preceitos, como lidamos com situações com o nascimento e a morte, enfim...
Traz até o leitor a visão necessária para derrubar por terra todo e qualquer preconceito sobre as nossas religiões.
Ainda estou lendo o livro em questão, porém, gostaria de compartilhar aqui uma parte que me chamou muito a atenção até agora, segue:
"Dedicar-se ao candomblé e aos orixás é uma prova de resignação, de humildade e de muito amor. É renunciar a muitos momentos de sua vida particular! [...] - p. 70"
"O que vemos, infelizmente, nos dias atuais são pessoas que se iniciam no candomblé e que não cumprem corretamente seu período de iaô. Em pouco tempo já se transformam em sacerdotes/sacerdotisas, sem terem percorrido um aprendizado correto e necessário de complementação. Muitos acham que agindo assim as divindades lhes darão riqueza e grandeza material. Vã ilusão! O orixá ajuda ao promover equilíbrio, dinamismo, paz interior e fortalecimento para a nossa matéria. - p 76"
Essas passagens me chamaram a atenção porque, é exatamente dessa forma que eu enxergo o candomblé.
A fé nos orixás é o que move o meu viver, é o que me faz ter esperança em dias melhores, é o que me faz ter a certeza de que sempre somos cuidados e amados... o que me faz ter a certeza de que não estamos e nem nunca estivemos sozinhos.
Eu fico muito entristecida quando vejo situações que denigrem a imagem da nossa religião. Quando vejo iaôs desfazendo de sua casa de axé. Quando vejo pessoas recém iniciadas querendo passar às frente da anos de conhecimento e aprendizado dos mais velhos.
Eu tenho a humildade de abaixar a cabeça para os meus mais velhos, de levar minhas dúvidas a eles e, de recuar se ouvir que ainda não é o tempo de ter esse ou aquele aprendizado.
Eu leio muito, e amo ler! Ler não me dá só conhecimento, me dá poder. O poder de questionar, o poder de construir conclusões e pensamentos mais corretos e interligados, o poder de aprender novos conhecimentos. Porém, isso não me exime de perguntar aos meus mais velhos! Eles tem anos de conhecimento e experiência à minha frente e, qualquer coisa que eu leia em um livro não posso, jamais, levar como conhecimento absoluto subjugando assim o saber ancestral.
Acredito que esse livro devesse ser receitado a todos os abians e iaôs, com a recomendação de que leiam e anotem suas suas dúvidas para que, depois possam esclarecer junto aos seus babás e yás. E acredito também que todos os babás e yás devessem ler esse livro, não só pela fonte de conhecimento, mas também para que possam entender que, o conhecimento precisa ser repassado para ser perpetuado, os novos precisam aprender que "o certo é o que se faz no seu Ilê axé, o que é feito fora dele só é diferente!". E com esses aprendizados e trocas de saberes a nossa religião se perpetua e se torna um lugar de respeito, acolhimento, amor e valorização do ser humano.
Essa foi a postagem de hoje, seguirei lendo o livro e amanhã tem mais!
Axé!
Estou acompanhando,e adorando.
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