Olá irmãos de fé!
Hoje quero trazer para vocês um tema talvez pouco discutido entre os praticantes da Umbanda e do Candomblé: a educação de axé.
Observem bem a imagem acima...
Quando eu falo em educação de axé não digo a educação de falar por favor, com licença e obrigada. Eu falo de uma educação que vai muito além disso. Falo de hierarquia, responsabilidade, cultura, entre outros aspectos que são inerentes às nossas religiões e que, por muitas vezes são deixados de lado.
Em seu livro Introdução ao Candomblé, o babalorixá Caccioli de Ayrá fala, em uma das questões que, existem muito yawôs passando por cima de seu tempo de santo e fazendo coisas que não lhe saõ autorizadas. Eu vejo muito isso em algumas casas de candomblé aonde sou convidada a ir.
Não estou aqui tecendo críticas à nenhum desses ilês, mas sim aos yawôs que neles estão que, se esquecendo de sua condição de neófitos ainda querem tomar um posto que ainda não lhes foi atribuído. Exemplo clássico disso são os recém feito que tomam sua obrigação de 1 ano e saem de seu ilê axé em busca de outro que lhes dê suas obrigações de 3 e 7 anos seguidamente, na esperança de que isso os tornará ebomys e eles poderão então abrir suas casas de candomblé.
Você não dá aquilo que não teve! Essa máxima aristotélica é fato. Na minha humilde visão, um neófito que se comporta dessa forma jamais será um bom babalorixá ou yalorixá. Cada coisa vem a seu tempo em nossa religião. Para que você chegue à sua obrigação de um ano é necessário que você passe o seu resguardo da iniciação. Consequentemente, para que você chegue à sua obrigação de 3 anos é necessário que você tenha tomado sua obrigação de 1 ano e tenha tido o aprendizado necessário que esses 2 anos anteriores lhe permitem. E dessa forma para diante.
Muitos entram no candomblé e na umbanda já com a intenção de se tornarem sacerdotes mas, o sacerdócio em nossas religiões não é só questão de destinação mas também de merecimento e aprendizado. Muitos querem, mas pouquíssimos sabem realmente como ser. Acham que colocar a mão na cabeça de alguém, rapar-lhe os cabelos e fazer uma porção de rezas é simples! Ledo engano. Fazer santo na cabeça de uma pessoa, em determinados casos, pode custar-lhe a vida, a sanidade mental e, na melhor das hipóteses a dificuldade financeira.
Escrevo esse post na intenção de alertar àqueles que entram no candomblé ou na umbanda na intenção de pular etapas e já se tornarem babás e yás. NÃO FAÇAM ISSO! Além de denegrirem a imagem de sacerdotes que têm anos de conhecimento, vocês também põem em perigo àquelas pessoas que lhes entregam a cabeça! Pensem se vocês gostariam que fizessem o mesmo com vocês?
Vou deixar aqui abaixo algumas coisas que eu acho importantíssimas de serem lembradas constantemente:
1- Você só dá aquilo que tem. Então não tente pular etapas na esperança de se tornar logo de cara um sacerdote pois, fazendo isso você joga no lixo todo o conhecimento e tradições passadas ao longo de séculos;
2 - Um bom filho tem muito mais chances de ser um bom pai. Se você for um yawô dedicado, as chances que você tem de ser um bom sacerdote são infinitamente maiores;
3 - É perguntando que se aprende. "Ah, mas os meus mais velhos não querem ensinar!", insista! Através da visualização da sua força de vontade para aprender, tenho certeza que nenhum mais velho lhe negará informação;
4 - Seja próativo. Um bom yawô ou vodunce precisa ser próativo. Se oferecer para auxiliar nas tarefas do seu ilê não vai te matar e nem aleijar seus braços e pernas, ao contrário, ajudando você também estará aprendendo;
5 - Não queira saber de tudo. Falo isso no sentido de não querer ser sabichão, de lhe pedirem algo e você falar "Eu sei!". Não seja assim pois, com essa atitude você perde oportunidades preciosas de aprendizado;
6 - Respeite a hierarquia. Se você é abiãn, seja um bom abiãn e não queira ser mais que isso e assim sucessivamente. O seu tempo chegará e com ele todos os direitos e deveres também;
7 - Respeite os cabelos brancos. Na nossa religião, mais importante talvez que o tempo de santo é a idade cronológica. Os mais velhos são nossos ancestrais, estejam eles vivos ou não então, sempre respeite os mais velhos.
"Eu não sou detentor da verdade universal pois ela cabe somente a Deus, mas sou detentor da minha própria verdade pois é ela que guia meus passos para um amanhã melhor." (autor desconhecido)
Axé!
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