sexta-feira, 11 de junho de 2021

Discussão literária II

Bom dia, boa tarde e boa noite Irmãos de fé!

Continuando nossa resenha sobre o livro O Candomblé bem explicado, hoje falaremos sobre o surgimento do candomblé no Brasil.



De acordo com estudos históricos realizados, hoje sabemos que os primeiros grupos de negros a chegarem aqui pelas mãos dos traficantes portugueses foram os Congoleses. Muitas das vezes esses grupos eram rivais, étnica e culturalmente e, no meio de suas disputas territoriais acabavam sendo presos e traficados.

Do Benin, antigo Daomé vieram os Fons. Do Togo, os Ewes. Da Nigéria, Ilexá, Oyó, Ketu, Abeokutá e outras, vieram os Iorubás e com eles, muitas famílias reais negras. E esses povos trouxeram consigo um pedaço da sua cultura, da sua crença e da sua religiosidade, criando aqui no Brasil o candomblé.

Para que pudessem manter aqui em nossa terra predominantemente católica o culto ás suas divindades, os negros precisavam camuflar essas deidades de forma que o senhor branco pudesse acreditar que ali estavam sendo cultuados os santos católicos. Surge assim o sincretismo religioso.

Desses grupos escravizados que aportaram em nossas terras, alguns se concentraram em regiões específicas. Os bantus se espalharam mais pelos interiores dos estados, como Rio de Janeiro, São Paulo, Minas, Espirito Santo pois no interior desses estados a produção cafeeira e de cana de açucar era maior e necessitava de negros mais fortes devido ao trabalho braçal. O iorubás, fons e savalunos se concentraram mais nas áreas urbanas dos estados do RJ, SP, BH, PE e MA. Por serem negros de uma porte mais "civilizado", eram preferidos como companhias e muitos como caixeiros viajantes a mando de seus senhores.

Veja que, durante a época escravagista os negros, dispersos que eram de seus grupos étnicos, procuravam de certa forma recuperar as relações tribais com os demais negros. Aos poucos foram assimilando a língua local e foram aprendendo o "modus operandi" de viver do branco. Desses grupos, os que mais tiveram dificuldade em assimilar o idioma aqui utilizado foram os Bantus. Eles se comunicavam preferencialmente em sua própria língua mãe e procuravam organizar grupos para confraternizar ou "zuelar" como eles diziam.

E diante desse contexto, o mais interessante é perceber que quando os escravos conseguiam se reunir para louvar suas divindades, mesmo que elas possuíssem nomes diferentes, naquele momento eles se irmanavam e o espaço se tornava um só! O culto era único pois era o momento sagrado em que eles podiam louvar seus deuses e, de certa forma, manter viva a cultura ancestral que eles guardavam em suas almas.

Fica a reflexão aí não é irmãos...

Se naquela época o negro, mesmo que pertencendo a outro grupo social e étnico se unia para louvar o sagrado colocando de lado todas as diferenças que pudessem existir, porque hoje, nós, meros e humildes descendentes de um povo tão guerreiro e tão sábio, insistimos em querer impôr que essa ou aquela forma de culto é melhor?

Porque ainda insistimos em querer transformar nosso culto em um desfile carnavalesco, deixado de lado por muitas vezes a real essência do orixá?

Fica aí a reflexão.

Na próxima postagem trarei um pouco sobre as dificuldades de manutenção do culto religioso negro em nosso país.

Até a próxima!

Axé!!!


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