domingo, 24 de outubro de 2021

Discussão literária III

 Bom dia, boa tarde, boa noite irmão de fé!



Prosseguiremos paulatinamente com a nossa discussão sobre o livro O Candomblé Bem Explicado. E como se trata de um livro bem extenso, não só no que diz respeito à temática do candomblé mas também ás passagens históricas sobre o "surgimento" da religião em nosso país, decidi, até mesmo para não ficar muito maçante a leitura, ir dissecando o livro através das pequenas partes que compõem cada capítulo.

Nesse post falaremos sobre as dificuldades que o povo do santo teve e tem até hoje para ter reconhecimento da sua fé enquanto religião e sobre a ação do sincretismo religioso. Decidi falar sobre esses dois temas conjuntamente pois acredito que os dois estão intimamente ligados.

É importante ressaltar que, os negros que aqui aportavam eram catequisados no intuito de que esquecerem de seus deuses e de sua fé. Eram oprimidos pelos senhores brancos, pela igreja católica e pela sociedade luso-brasileira para que se esquecessem dos seus "demônios", seres esses que nem espaço têm dentro do seio de nossa religião uma vez que não existe a representação do mal e nem do inferno que tanto prega a igreja católica.

Essa perseguição aos cultos de matriz africana realizada pela igreja acontece desde tempos idos, uma vez que houveram as famosas Cruzadas aonde tudo aquilo que fosse diferente daquilo que o clero pregava era perseguido, destruído, excomungado, torturado, queimado...

E conosco não seria diferente!

Por este motivo o negro aportado aqui se viu na iminência de ter que "arrumar um jeito" para se conectar com as suas divindades. E essa forma foi o sincretismo religioso! Vincular suas deidades aos santos católicos foi muito útil à época pois, somente dessa forma era possível que nossos ancestrais se comunicassem com seus deuses sem tanta importunação dos brancos. Cabe ressaltar neste parágrafo que, "o sincretismo foi extremamente útil e necessário há 300 anos atrás"... hoje ele já não nos cabe mais, embora ainda hajam muitos remanescentes em nossa vivência atual.

Graças a muitos babalorixás e yalorixás como Maria Neném, João da Goméia, Pai Bobó de Oyá, Gisele Omindarewa entre tantos outros que lutaram e lutam pelos nossos direitos até os dias atuais, é que podemos utilizar nossos fios de conta e nossa indumentária religiosa em público, pois somos amparados pela constituição brasileira, mais especificamente pelo art. 208 do Código Penal, art. 5º da Constituição Federal e o art. 215, parag. 1º da Constituição Federal. Graças à esses senhores e senhoras não é mais necessário o uso do sincretismo, graças à essa luta não precisamos mais temer sermos rechaçados, presos e afins devido à professar nossa fé publicamente.

"O sincretismo distorceu o candomblé, reduzindo a dimensão e a grandiosidade das nossas divindades. Ao mesmo tempo, pretendeu transformar as religiões de matriz africana em politeístas, ou seja, adoradores de vários deuses. Tentaram transformar nossas divindades em "deuses", ignorando Olorum/Olodumare, "Senhor Supremo e Absoluto de todas as coisas", nosso Deus e a divindade criadora para ou yorubás!" (in O Candomblé bem Explicado, p. 36)

Embora ainda enfrentemos muitos percalços no caminhar da nossa evolução religiosa, hoje sabemos que as pedras que tiveram em nosso caminho no passado foram sábia e arduamente utilizadas para construir a estrada que caminhamos hoje. Que saibamos honrar e respeitar a estrada que pisamos hoje, que saibamos agradecer à luta que foi e ainda é travada para que possamos caminhar mais leves e tranquilos.

Gratidão e muito axé e luz pra todos!

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