sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

Falando um pouco sobre o meu orixá

 Bom dia, boa tarde e boa noite queridos irmãos.



Na postagem de hoje eu decidi falar um pouco sobre o meu primeiro orixá, aquele que rege minha vida, meu caminho e que é o responsável por eu estar viva.

Sou filha de Oxalá, o rei de Ejigbô. Oxalá é, por bem dizer, o maior e mais respeitado orixá do panteão yorubá. Diz-se que é o orixá responsável, junto com Nanã, por criar os seres humanos.

Oxalá se apresenta em duas formas distintas e que, aproveito para esclarecer, não tem nada a ver com ser a forma jovem e a forma idosa.

Osàálufón (meu pai!) é um senhor venerável, sábio e algumas vezes intransigente e ranzinza. Ele e sua esposa Nanà Buruku são, de acordo com as lendas yorubás, os responsáveis pela criação dos humanos. Nanà Buruku fornece o barro, Osàálufon molda os seres humanos e Olorum lhes fornece o emí (sopro vital ou alma).

Reza a lenda que, o motivo de alguns seres humanos virem ao mundo com deformidades se deve ao fato de que, Osáàlá por ser proibido de beber o vinho de palma (por conta de ter se embriagado e ter deixado de lado a cabaça com terra para a criação do mundo, ficando está tarefa a cargo de Oduduwa), quando foge à essa regra acaba moldando os seres humanos com as mais diversas anomalias.

Diz-se também em um ditado yorubá que: Quando Osáàlá pensa já e está criado e, quando esquece já deixou de existir. Isso nos diz que, embora seja um orixá criador de vida, também é o detentor da morte.

Seus filhos normalmente tem um temperamento benevolente, sempre dispostos a ajudar o próximo e, por vezes mais preocupados com os outros que consigo mesmos. Não são dados a extravagância, não gostam de holofotes, mas gostam de ser reconhecidos por seu caráter e atitudes.

Quando estão de mau humor são pessoas intragáveis! São ranzinzas e podem ser extremamente grosseiros até mesmo com pessoas queridas. Costumam ter muita paciência porém, são avessos a abusos dessa característica.

São pessoas que tem o dom de ouvir e falar! Costumam ser bons oradores e ter habilidade para a execução das mais diversas tarefas. Possuem um raciocínio calculista e as vezes muito frio, sempre dispostos a fazer o outro colocar os pés no chão.

Osáàlá é ar! Ele se mostra até na mais suave brisa de verão.

Eu poderia passar horas aqui falando sobre meu pai, aquele que é o senhor dos meus dias e da minha vida inteira... mas vou deixar aqui pra vocês o itan que fala sobre a ligação de Esù e Osáàlá.

Um dia Oxalufam, que vivia com seu filho Oxaguiam, velho e curvado por sua idade avançada, resolveu viajar a Oyo em visita a Xangô, seu outro filho. Foi consultar um babalaô para saber acerca da viagem. O adivinho recomendou-lhe não seguir viagem. Ela seria desastrosa e acabaria mal. Mesmo assim, Oxalufam, por teimosia, resolveu não renunciar à sua decisão. O adivinho aconselhou-o, então, a levar consigo três panos brancos, limo-da-costa ou sabão-da-costa, assim como a aceitar e fazer tudo que lhe pedissem no caminho e não reclamar de nada, acontecesse o que acontecesse. Seria uma forma de não perder a vida.

Em sua caminhada, Oxalufam encontrou Exu três vezes. Três vezes Exu solicitou ajuda ao velho rei para carregar seu fardo, que acabava derrubando em cima de Oxalufam. Três vezes Oxalufam ajudou Exu, carregando seus fardos imundos. E, por três vezes, Exu fez Oxalufam sujar-se de sal, azeite de dendê e carvão. Três vezes suportou calado as armadilhas de Exu. Três vezes foi Oxalufam ao rio mais próximo lavar-se e trocar suas vestes. Finalmente chegou a Oió. Na entrada da cidade, viu um cavalo perdido, que ele reconheceu como o cavalo que havia presenteado a Xangô.

Tentou amansar o animal para amarrá-lo e devolvê-lo ao filho. Mas, neste momento, chegaram alguns súditos do rei à procura do animal perdido. Viram Oxalufam com o cavalo e pensaram tratar-se do ladrão do animal. Maltrataram-no e prenderam-no. Ele, sempre calado, deixou-se levar prisioneiro.

Mas, por estar um inocente no cárcere, em terras do Senhor da Justiça, Oyó viveu por longos sete anos a mais profunda seca. As mulheres tornaram-se estéreis e muitas doenças assolaram o reino. Xangô, desesperado, procurou um babalaô, que consultou Ifá, descobrindo que um velho sofria injustamente como prisioneiro, pagando por um crime que não cometera.

Xangô correu para a prisão. Para seu espanto, o velho prisioneiro era seu pai Oxalufam. Xangô ordenou que trouxessem água do rio para lavar o rei. O rei de Oyó mandou seus súditos vestirem-se de branco, e que todos permanecessem em silêncio, pois era preciso, respeitosamente, pedir perdão a Oxalufam. Xangô vestiu-se também de branco e encarregou Airá de carregar o velho rei nas costas. Levou-o para as festas em sua homenagem e todo o povo saudava Oxalá e Xangô. Depois Oxalufam voltou para casa levado por Airá e, quando chegou seu filho, Oxaguiam ofereceu um grande banquete em celebração pelo retorno do pai.

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