sexta-feira, 10 de setembro de 2021

Momentos finais... pt. 2

 Bom dia, tarde, noite a todos!

A benção e que Oxalá abençoe sempre todos vocês.


É meus queridos... esse último mês, esses momentos finais por vezes se mostram para o noviço como um verdadeiro "mar de fogo". São detalhes que precisam ser resolvidos, é dinheiro que falta, são itens que não conseguimos encontrar, enfim, diversas coisas que testam o físico e principalmente o emocional do noviço.

Como é de se saber tudo está absurdamente caro nos tempos atuais! E se antigamente já era complicado se iniciar ou pagar sua obrigação de ano, imagine agora com tudo estando pela hora da morte. O noviço que está prestes a se iniciar precisa "correr gira" como diziam os antigos, pesquisar preço, ir de loja em loja e às vezes até sair da sua região para tentar encontrar preços mais acessíveis.

Digo a vocês que esses dias derradeiros não tem sido fáceis, pelo menos, não pra mim! Estou muito preocupada pois, mesmo economizando bastante o dinheiro não deu para adquirir todos os itens necessários. Ainda estou na batalha porque até o dia 6 de outubro ainda tem muita água para rolar, e uma coisa que não me falta é fé no meu santo, no sagrado e força de vontade.

Acredito que o pior para um noviço é quando ele não tem apoio. No meu caso, minha família inteira é católica e muito sequer fazem um pequeno esforço para tentar compreender as religiões de matriz africana. Taxam como "demoníaca", "sem futuro", entre outros adjetivos que não cabe citar aqui...

Eu sou casada e tenho 2 filhos e, o único que não me julga é o meu companheiro mas acreditem, para mim o pior é não ter a compreensão da minha mãe. Irei me recolher no dia 8 de outubro, e nessa fase final tentarei sentar e conversar com ela sobre. Não espero que ela aceite ou entenda, mas gostaria que pelo menos ela respeitasse a minha escolha religiosa.

Confesso a vocês que meu coração está em frangalhos. São muitos problemas e muitos questionamentos que tenho vivido e que, por vezes não acho resposta. A única coisa que me ajuda a me manter firme é a fé.

Fé que meu orixá não me abandona, fé que ele me ouve todas as vezes, fé que mesmo sem eu merecer ás vezes, ele me mostra a solução. Tenho medo que se me for tirado isso eu não suporte.

Já passei por tanta coisa e em todos os momento eu pude sentir meu orixá e meus guias ao meu lado. Hoje sei que fisicamente caminho sozinha, mas espiritualmente eu tenho muitos que caminham comigo.

Espero que vocês torçam por mim e façam votos de saúde e paz!

No mais, quem puder me auxiliar de alguma forma eu ficarei extremamente grata.

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Gratidão!


domingo, 4 de julho de 2021

Momentos finais parte 1 - Julho


Bom dia, boa tarde, boa noite meus irmãos de fé.

É... estou chegando na reta final meus amigos. Entramos em julho, sétimo mês do ano, e com ele inicio a contagem regressiva para outubro.

Nesses quase dez meses que se passaram muita coisa aconteceu, tanto dentro de mim quanto no meu entorno. Tenho aprendido muitas coisas e tenho dado cada vez mais valora ao convívio, ao toque e ás atitudes. Estou chegando perto da realização de um sonho de amor, de um desejo muito grande do meu coração que é o renascimento para o meu orixá.

Nessa caminhada, que sei que está somente no início, tenho tido o carinho e o apoio de pessoas maravilhosas, pessoas que eu nem conheço pessoalmente mas que têm me suprido de um carinho e de uma força sem igual. Pessoas que estão, mesmo que de longe, torcendo por mim e aguardando esse momento tanto quanto eu. Pessoas que sabem o quanto tenho aguardado esse momento.

Hoje decidi compartilhar com vocês um pouco do que já tenho para a minha iniciação e um pouco do que ainda falta.

Basicamente meus irmão, só faltam as comidas secas e os bichos, que são item que só vou adquirir mais perto de entrar. Falta comprar ainda algumas miudezas como favas, idés e outros elementos que irão para o assentamento do meu orixá. O meu enxoval já está sendo confeccionado pelo @cordaodouro que faz um trabalho incrível e já tem até um pacote completo para os futuros iaôs. Também nesse tempo pude juntar um pouco de dinheiro que será utilizado para fazer as compras da casa enquanto eu estiver recolhida.

 Tudo está sendo milimetricamente direcionado pelos orixás para que minha obrigação transcorra sem nenhuma preocupação.

Nesse tempo pude pesquisar preços, foram muitas idas ao mercadão de Madureira, muitas pesquisas na internet e muitos achados incríveis. Dentro do mercadão posso citar a loja Oxalá Rei dos Orixás, que além de um atendimento maravilhoso tem preços ótimos. Fora do mercadão tem a loja Barakesan que fica na galeria da angolanas, e tem os melhores preços em miçangas e outros acessórios. Para a confecção das roupas de ração e do orixá, eu super indico o @cordaodouro que tem preços super acessíveis e, como falei antes tem um pacote para o futuro iaô que é super completo. A loja Mundo dos Orixás, também dentro do mercadão de Madureira, conta com uma ótima variedade de cristais, pedras e favas, e a palha da costa nacional deles é de excelente qualidade.

Enfim meu povo... 

As coisas estão bem encaminhadas, mas ainda faltam detalhes que devo finalizar nesse tempo que falta.

Na próxima postagem vou tentar colocar aqui alguns preços que acho bacana compartilhar, ate mesmo para que vocês possam se basear para comprar.

Um abraço a todos e axé!

sexta-feira, 11 de junho de 2021

Discussão literária II

Bom dia, boa tarde e boa noite Irmãos de fé!

Continuando nossa resenha sobre o livro O Candomblé bem explicado, hoje falaremos sobre o surgimento do candomblé no Brasil.



De acordo com estudos históricos realizados, hoje sabemos que os primeiros grupos de negros a chegarem aqui pelas mãos dos traficantes portugueses foram os Congoleses. Muitas das vezes esses grupos eram rivais, étnica e culturalmente e, no meio de suas disputas territoriais acabavam sendo presos e traficados.

Do Benin, antigo Daomé vieram os Fons. Do Togo, os Ewes. Da Nigéria, Ilexá, Oyó, Ketu, Abeokutá e outras, vieram os Iorubás e com eles, muitas famílias reais negras. E esses povos trouxeram consigo um pedaço da sua cultura, da sua crença e da sua religiosidade, criando aqui no Brasil o candomblé.

Para que pudessem manter aqui em nossa terra predominantemente católica o culto ás suas divindades, os negros precisavam camuflar essas deidades de forma que o senhor branco pudesse acreditar que ali estavam sendo cultuados os santos católicos. Surge assim o sincretismo religioso.

Desses grupos escravizados que aportaram em nossas terras, alguns se concentraram em regiões específicas. Os bantus se espalharam mais pelos interiores dos estados, como Rio de Janeiro, São Paulo, Minas, Espirito Santo pois no interior desses estados a produção cafeeira e de cana de açucar era maior e necessitava de negros mais fortes devido ao trabalho braçal. O iorubás, fons e savalunos se concentraram mais nas áreas urbanas dos estados do RJ, SP, BH, PE e MA. Por serem negros de uma porte mais "civilizado", eram preferidos como companhias e muitos como caixeiros viajantes a mando de seus senhores.

Veja que, durante a época escravagista os negros, dispersos que eram de seus grupos étnicos, procuravam de certa forma recuperar as relações tribais com os demais negros. Aos poucos foram assimilando a língua local e foram aprendendo o "modus operandi" de viver do branco. Desses grupos, os que mais tiveram dificuldade em assimilar o idioma aqui utilizado foram os Bantus. Eles se comunicavam preferencialmente em sua própria língua mãe e procuravam organizar grupos para confraternizar ou "zuelar" como eles diziam.

E diante desse contexto, o mais interessante é perceber que quando os escravos conseguiam se reunir para louvar suas divindades, mesmo que elas possuíssem nomes diferentes, naquele momento eles se irmanavam e o espaço se tornava um só! O culto era único pois era o momento sagrado em que eles podiam louvar seus deuses e, de certa forma, manter viva a cultura ancestral que eles guardavam em suas almas.

Fica a reflexão aí não é irmãos...

Se naquela época o negro, mesmo que pertencendo a outro grupo social e étnico se unia para louvar o sagrado colocando de lado todas as diferenças que pudessem existir, porque hoje, nós, meros e humildes descendentes de um povo tão guerreiro e tão sábio, insistimos em querer impôr que essa ou aquela forma de culto é melhor?

Porque ainda insistimos em querer transformar nosso culto em um desfile carnavalesco, deixado de lado por muitas vezes a real essência do orixá?

Fica aí a reflexão.

Na próxima postagem trarei um pouco sobre as dificuldades de manutenção do culto religioso negro em nosso país.

Até a próxima!

Axé!!!


quinta-feira, 10 de junho de 2021

Discussão literária

 Bom dia, boa tarde e boa noite queridos irmãos de fé!

A partir de hoje, sugerida que fui pelo meu esposo, vou trazer para vocês algumas discussões sobre livros que abordam a temática da nossa religião.

O livro em questão é: O candomblé bem explicado - Odé Kileuy e Vera de Oxaguiã


Vamos começar nossa análise do livro, ponto a ponto, partindo do primeiro capítulo. O livro possui 26 capítulos bem esmiuçados e esse capítulo fala sobre o candomblé. Nele poderemos entender alguns aspectos da religião, como surgiu no Brasil entre outras coisas. Esse livro traz uma visão didática tanto para aqueles que não conhecem a religião, quanto para aqueles que a conhecem mas que, de alguma forma ainda têm questionamentos sobre oque e como praticamos.

Vamos à análise!


Cap. I - O candomblé

Podemos dizer com propriedade que o candomblé é uma religião exclusivamente brasileira. O que conhecemos pelo nome de candomblé nada mais é do que a herança cultural dos negros que foram trazidos como escravos, agregada aos conhecimentos indígenas que já existiam em nossa Terra Brasilis. 
O candomblé pode ser definido como uma religião 90% prática. Podemos dizer que é uma religião que tem sim seus fundamentos teóricos (muitas vezes passados de geração em geração de forma oral), mas conta muito com a prática e vivência religiosa.
Ao contrário do que muitos pensam - e dizem! -  o candomblé é uma RELIGIAO e não uma SEITA. Só para compreendermos, seita define um grupo de "desgarrados" que se separou da religião com o propósito de criar outra religião. Já a palavra religião é advinda do latim "religare", e tem o propósito de reconectar o ser humano com a essência divina. Só que no candomblé nós nunca nos separamos do nosso Deus, e sim, somos uma religião monoteísta que acredita em um único Deus - Olodumare, Olofin, Obatalá, Zambi, etc. - porém, temos os seus "intermediários" que são os orixás.
"O candomblé, apesar das modificações, não sofreu mudanças muito profundas nem radicais em suas tradições, seus dogmas e, principalmente, nos fundamentos deixados pelos nossos mais velhos. Suas modificações foram mais pragmáticas, no sentido de ter que se fazer aceitar em uma nova sociedade, procurando ambientar-se tanto na parte humana quanto na parte religiosa. Precisou adequar-se e buscar novos elementos a partir dos quais conseguisse reconstruir todo seu entremeado de relações litúrgicas. A religião, no Brasil, se integrou, se adaptou e floresceu ainda mais, porque aqui encontrou uma natureza exuberante e uma grande diversidade de elementos necessários à sua existência." (op. cit. p31)
 

Atualmente, a maior necessidade do candomblé é que seja reconhecido de fato como religião, tal como o catolicismo e o kardecismo a exemplo. Não somos escravos de um Deus por exemplo, bem como não temos simbolismo do bem e do mal (anjos e demônios). Possuímos regras sim porém, como nossas divindades são dotadas de características muito humanizadas, essas regras podem ser moldadas de acordo com a permissão deles.

Sabemos que, ainda hoje, o candomblé assim como as demais religiões afro-brasileiras passam por reformulações afim de se adaptarem a atualidade e, com isso acaba-se por gerar também algumas "invencionices", e aí é onde nos questionamos: Até que ponto precisamos mudar? Até que ponto precisamos fugir daquilo que nos foi deixado de herança pelos nossos antepassados para nos adaptarmos à atualidade? 

Essas meus caros irmão de fé, são perguntas que devemos nos fazer diariamente, desde o abian (como eu) até os babás, yás, dotés, donés, tatetus e mametus. Isso para que não incorramos na problemática de transformar nossa religião num circo ao invés de perpetuar a verdadeira essência do culto aos orixás.

Muito obrigada pela sua companhia e, até a próxima postagem!

Culto ao orixá

 Bom dia, boa tarde, Boa noite queridos irmão de fé.



Sei que já tem algum tempo que não trago nada por aqui porém, no último final de semana passei por um fato inusitado que me fez refletir e repensar sobre nossa forma de viver o culto ao sagrado, o culto aos nosso orixás.

Eis que estava em casa trabalhando e decidi, ou melhor, senti a vontade no coração de fazer uma visita a cachoeira, reduto sagrado de Yá Osun. Decidi comentar com um grande irmão de caminhada que, logo de pronto, topou a ideia pois também já estava com vontade de ir a cachoeira.

Assim feito, tudo decidido, partimos rumo a cachoeira do Mendanha e, quem já foi, sabe que é um lugar de difícil acesso e com uma trilha bastante íngreme e, de certa forma um tanto perigosa até. Fomos pela trilha ele, eu e os dois filhos dele, um rapazinho de 14 anos e sua pequena de 6.

Ao entrarmos na trilha pedimos licença a Ossãe para que nos deixasse entrar e sair com segurança, uma vez que a trilha atravessa a mata densa do maciço do Mendanha, pedimos também proteção a Oxossi para que nos guiasse, pois ele conhece tão bem quanto Ossãe todos os caminhos, as indas e vindas e todos os perigos da mata. Feito isso, ingressamos na trilha entrando mata a dentro rumo a cachoeira.

Começamos a trilha por volta de umas onze horas da manhã e, chegamos a cachoeira umas 3:30 da tarde. Fizemos nossas orações, lavamos nossas guias e então partimos rumo a volta para casa. Novamente adentramos a mata para a a volta e procuramos voltar a passos largos. Ele e a filhinha andavam bem rápido porém, como eu tenho pouca resistencia na minha perna direita devido a uma acidente, andava um pouco mais devagar. Chegamos no meio da trilha eram já 05:20 da tarde, estávamos cansados da subido e mais ainda da descida porém, não podíamos parar e continuamos.

Quando deu por volta de 05:35 a mata se fechou, cerrou um breu como se já fossem 8 da noite e nos vimos sem conseguir enxergar mais muita coisa. Dois adultos e uma criança no meio da mata! Por incrível que possa parecer não estávamos com medo mas sim, preocupados por estar com uma criança junto. Decidi por bem, ligar para o corpo de bombeiros pois estávamos somente com a luz do celular, oque de certa forma dificultava a nossa descida. O filho do meu irmão já tinha descido para encontrar a mãe, que não prosseguiu na trilha conosco devido ao fato de ser hipertensa.

Enquanto estávamos sentados na trilha e eu, me sentindo super culpada pedia mil desculpas ao meu irmão por aquele percalço, começamos a ouvir a voz do filhos dele gritando: "Pai!" "Pai" Cadê vocês!". Ao ponto que nós, cansados que estávamos, só conseguíamos responder: "Estamos aqui!" "Tá tudo bem!". O filho dele, junto com a mãe começaram a ficar preocupados com a nossa demora em sair da mata e pediram auxílio a um morador da região que, de pronto se dispôs a ir nos resgatar na mata.

Estávamos a 15 minutos de sair da mata mas, o cansaço e a falta de iluminação nos venceram. O senhor, nativo da região, subiu a trilha com o menino munido de lanterna e nos auxiliou na descida. Chegamos em baixo! Saímos da mata e agradecemos a Ossãe e Oxossi por terem nos protegido e, por terem enviado aquele senhor para nos auxiliar.

Resumo da história...

Embora tenha sido uma aventura inesquecível (e um tanto quanto bizarra, rsrs), saímos agradecidos por tudo num geral e aprendemos que a mata e a natureza como um todo precisam ser respeitadas. Cultuar orixá é cultuar a natureza em si! E procurar estar em contato com o verde, as águas, o vento e etc. E cuidar da nossa morada que também é morada dos orixás.

O nosso corpo e o espaço físico que habitamos são mais que sagrados! Ossãe nos passou um belo ebó (e nós passamos um belo susto!), mas no final de tudo orixá nos protegeu e nos amparou para que nada de mal nos acontecesse e saíssemos ilesos (embora cansados!) da situação.

Omoloko

 Bom dia, boa tarde, boa noite irmãos de fé! Hoje vou falar um pouco sobre essa nação tão bonita e que, há pouco tempo venho conhecendo: a n...